— Sua besta! berrava Natário com os olhos chamejantes. Que o racho!
O homem balbuciava, tinha tirado o chapéu; viam-se os seus cabelos brancos; parecia ser um antigo criado da lavoura envelhecido no trabalho; era talvez avô - e curvado, vermelho de vergonha, encolhia-se com as sebes para deixar passar no estreito caminho de carros os senhores padres joviais e excitados da vinhaça!
Amaro não os quis acompanhar até à fazenda. Ao fim da aldeia, no cruzeiro, tomou pelo caminho de Sobros, voltou para Leiria.
— Olhe que é uma légua à cidade, dizia o abade. Eu mando-lhe aparelhar a égua, colega.
— Qual história, abade, a perninha é rija! - e, traçando alegremente a capa, partiu cantarolando o Adeus...
Ao pé da Cortegassa o atalho de Sobros alarga-se, ao comprido dum muro de quinta coberto de musgos e eriçada no alto de luzidios fundos de garrafas. Quando Amaro chegou próximo ao portão de carros, baixo e pintado de vermelho, encontrou no meio do caminho, parada, uma grande vaca malhada; Amaro divertido espicaçou-a com o guarda-chuva; a vaca trotou balouçando a papeira - e Amaro ao voltar-se viu Amélia, ao portão, que saudava, dizendo toda risonha:
— Então está-me a espantar o gado, senhor pároco?
— É a menina! Que milagre é este?
Ela fez-se um pouco vermelha: