menina tinha-me ralado de ciúmes... Mas o que a menina diz de maus costumes é uma calúnia. Eu sempre fui um homem de bem...
— O Sr. padre Amaro é que o conhece! Faz favor de me deixar passar...
Ao nome do pároco, João Eduardo fez-se lívido de raiva:
— Ah! é o Sr. padre Amaro! É o maroto do padre! Pois veremos Ouça...
— Faz favor de me deixar passar! disse ela irritada, tão alto, que um sujeito gordo de xale-manta parou olhando.
João Eduardo recuou, tirando o chapéu; e ela, imediatamente, refugiou-se na loja do Fernandes.
Então, num desespero, correu a casa do doutor Godinho. Já na véspera, por entre os seus acessos de choro, sentindo-se tão abandonado, se lembrara do doutor Godinho. Fora outrora seu escrevente; e como por pedido dele entrara no cartório do Nunes Ferral, e por sua influência ia ser acomodado no governo civil, julgava-o uma Providência pródiga e inesgotável! Demais, desde que escrevera o Comunicado considerava-se da redação da Voz do Distrito, do grupo da Maia; agora, que era atacado pelos padres, devia claramente ir acolher-se à forte proteção do seu chefe, do doutor Godinho, do inimigo da reação, o "Cavour de Leiria", como dizia, arregalando os olhos, o bacharel Azevedo, autor dos Ferrões! - E João Eduardo, dirigindo-se ao casarão amarelo, ao pé do Terreiro onde o doutor vivia, ia num alvoroço de esperanças,