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Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/330

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O doutor Godinho, que depois da reconciliação com a gente da Rua da Misericórdia, retomara publicamente a sua considerável posição de pilar da Igreja e esteio da Fé...

— É o diabo, pode-nos sair caro, disse ele.

— É impossível! disse o escrevente.

Então praguejaram de raiva. Perder uma ocasião daquelas para pôr a calva à mostra ao clero!

O plano do folheto, como uma coluna tombada que parece maior, afigurava-se-lhes, agora que estava derrubado, duma altura, duma importância colossal. Não era jà a demolição local dum pároco celerado, era a ruína, ao longe e ao largo, de todo o clero, dos jesuítas, do poder temporal, de outras coisas funestas... - Maldição! se não fosse o Nunes, se não fosse o Godinho, se não fossem os nove mil-réis do papel!

Aquele perpétuo obstáculo do pobre, falta de dinheiro e dependência do patrão, que até para um folheto era estorvo, revoltou-os contra a sociedade.

— Positivamente é necessário uma revolução, afirmou o tipógrafo. É necessário arrasar tudo, tudo! - E o seu largo gesto sobre a mesa indicava, num formidável nivelamento social, uma demolição de igrejas, palácios, bancos, quartéis, e prédios de Godinhos ! - Outra do tinto, tio Osório!...

Mas o tio Osório não aparecia. Gustavo martelou a mesa a toda a força com o cabo da faca. E enfim, furioso, saiu fora ao contador "para arrebentar a pança àquele vendido que fazia assim esperar um cidadão".

Encontrou-o desbarretado, radiante, conversando