noite Amaro se postaria com a ama à portinha do pomar, e Dionísia viria dar-lhe a criança bem atabafada.
— Às nove da noite, Dionísia. E não nos faça esperar! - recomendou-lhe ainda Amaro vendo-a abalar num espalhafato.
Depois voltou a casa e fechou-se no quarto, face a face com aquela dificuldade que ele sentia como uma coisa viva fixá-lo e interrogá-lo: - Que havia de fazer à criança? Tinha ainda tempo de ir aos Poiais ajustar a outra ama, a boa ama que a Dionísia conhecia; ou podia montar a cavalo e ir à Barrosa falar à Carlota... E ali estava, diante daqueles dois caminhos, hesitando numa agonia. Queria serenar, discutir aquele caso como se fosse um ponto de teologia, pesando-lhe os prós e os contras: mas tinha temerariamente diante de si, em lugar de dois argumentos, duas visões: - a criança a crescer e a viver nos Poiais, ou a criança esganada pela Carlota a um canto da estrada da Barrosa... - E, passeando pelo quarto, suava de angústia, quando no patamar a voz inesperada do Libaninho gritou:
— Abre; parocozinho, que sei que estás em casa!
Foi necessário abrir ao Libaninho, apertar-lhe a mão, oferecer-lhe uma cadeira. Mas o Libaninho felizmente não se podia demorar. Passara na rua, e subira a saber se o amigo pároco tinha noticia daquelas santinhas da Ricoça.
— Vão bem, vão bem, disse Amaro que obrigava a face a sorrir, a prazentear.
— Eu não tenho podido ir lá, que tenho andado mais ocupado!... Estou de serviço no quartel... Não te rias, parocozinho,