Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/623

Wikisource, a biblioteca livre

descoberto e perfilado, apresentou "o seu amigo, o Sr. cônego Dias, da Sé de Leiria". Conversaram um momento da estação, que já ia quente. Depois o padre Amaro falou dos últimos telegramas.

— Que diz vossa excelência a estas coisas de França, senhor conde?

O estadista agitou as mãos, numa desolação que lhe assombreava a face:

— Nem me fale nisso, Sr. padre Amaro, nem me fale nisso... Ver meia dúzia de bandidos destruir Paris... O meu Paris!... Creiam vossas senhorias que tenho estado doente.

Os dois sacerdotes, com uma expressão consternada, uniram-se à do estadista.

E então o cônego:

— E qual pensa vossa excelência que será o resultado?

O Sr. conde de Ribamar, com pausa, em palavras que saíam devagar, sobrecarregadas do peso das idéias, disse:

— O resultado?... Não é difícil prevê-lo. Quando se tem alguma experiência da História e da Política, o resultado de tudo isto vê-se distintamente. Tão distintamente como os vejo a vossas senhorias. .

Os dois sacerdotes pendiam dos lábios proféticos do homem do governo.

— Sufocada a insurreição, continuou o senhor conde olhando a direito de si com o dedo no ar, como seguindo, apontando os futuros históricos que a sua pupila, ajudada pelos óculos de ouro, penetrava - sufocada a insurreição, dentro de três meses temos de novo o império. Se vossas senhorias tivessem visto como eu uma recepção