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Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/622

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contra essa turba de mações, de republicanos, de socialistas, gente que quer a destruição de tudo o que é respeitável - o clero, a instrução religiosa, a família, o exército e a riqueza... Ah! a sociedade estava ameaçada por monstros desencadeados! Eram necessárias as antigas repressões, a masmorra e a forca. Sobretudo inspirar aos homens a fé e o respeito pelo sacerdote.

— Aí é que está o mal, disse Amaro, é que nos não respeitam! Não fazem senão desacreditar-nos... Destroem no povo a veneração pelo sacerdócio...

— Caluniam-nos infamemente, disse num tom profundo o cônego.

Então junto deles passaram duas senhoras, uma já de cabelos brancos, o ar muito nobre; a outra, uma criaturinha delgada e pálida, de olheiras batidas, os cotovelos agudos colados a uma cinta de esterilidade, pouff enorme no vestido, cuia forte, tacões de palmo.

— Cáspite! disse o cônego baixo, tocando o cotovelo do colega. Hem, seu padre Amaro?... Aquilo é que você queria confessar.

— Já lá vai o tempo, padre-mestre, disse e pároco rindo, já as não confesso senão casadas!

O cônego abandonou-se um momento a uma grande hilaridade; mas retomou o seu ar poderoso de padre obeso, vendo Amaro tirar profundamente o chapéu a um cavalheiro de bigode grisalho e óculos de ouro, que entrava na praça, do lado do Loreto, com o charuto cravado nos dentes e o guarda-sol debaixo do braço.

Era o Sr. conde de Ribamar. Adiantou-se com bonomia para os dois sacerdotes; e Amaro,