Saltar para o conteúdo

Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/86

Wikisource, a biblioteca livre

— Parece-me que a Sra. D. Josefa não entrou.

— Eu?! gritou ela, furiosa. Olha uma destas! Até fui a primeira! Credo! Duas moedas de cinco réis, por sinal! Que tal está o homem!

— Ah! bem, disse ele então, fui eu que me esqueci! Cá ponho. — E rosnou: beata e ladra!

E a irmã do cônego dizia no entanto baixo à Sra. D. Maria da Assunção:

— Queria ver se escapava, o melro! Falta de temor a Deus!

— Só quem não está feliz é o senhor pároco, observaram.

Amaro sorriu. Estava distraído, e fatigado; às vezes mesmo esquecia-se de marcar, e Amélia dizia-lhe, tocando-lhe no cotovelo:

— Olhe que não marcou, senhor pároco.

Tinham já apostado dois ternos; ela ganhara; depois faltou a ambos para quinarem o número trinta e seis.

Em roda repararam.

— Ora vamos a ver se quinam ambos, disse a Sra. D. Maria da Assunção, envolvendo-os no mesmo olhar baboso.

Mas o trinta e seis não saía; havia outras quadras nos cartões alheios; Amélia receava que quinasse a Sra. D. Joaquina Gansoso, que se mexia muito na cadeira, pedindo o quarenta e oito. Amaro ria, involuntariamente interessado.

O cônego tirava os números com uma pachorra maliciosa.

— Vá! vá! Ande com isso, senhor cônego! diziam-lhe.

Amélia, debruçada, os olhos vivos, murmurou:

— Dava tudo para que saísse o trinta e seis!