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Página:O Guarani.djvu/193

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—Credes isso, Fr. Ângelo?

—Creio em Deus, irmão.

—Pois embora; prefiro estar onde estou do que por aí metido nalgum despenhadeiro.

—Contudo, acudiu Nunes, o que diz o nosso reverendo missionário...

—Ora, deixa falar Fr. Ângelo. Aqui sou eu que zombo da tempestade, lá seria a tempestade que zombaria de mim.

—Fernão Aines!... exclamou Nunes.

—Maldita lembrança de caçada! murmurou o outro sem atendê-lo.

O silêncio se restabeleceu.

De repente uma nuvem abriu-se; a corrente elétrica enroscando-se pelo ar, como uma serpente de fogo, abateu-se sobre um tronco de cedro que havia defronte do pouso.

A árvore fendeu-se desde o olho até à raiz em duas metades; uma permaneceu em pé, esguia e mutilada; a outra, tombando sobre o terreiro, bateu nos peitos de Fernão Aines e o atirou esmagado no fundo do alpendre.

Seu companheiro ficou imóvel por muito tempo; depois começou a tremer como se tiritasse com o frio de terças; o polegar estendido para fazer o sinal-da-cruz, os dentes chocando