Página:O Guarani.djvu/398

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pobre menina quando se vira só, no seu quarto, à noite, quase morreu de vergonha.

Lembrava-se de suas palavras, e perguntava a si mesma como tivera a coragem de dizer aquilo, que antes nem mesmo os seus olhos se animavam a exprimir silenciosamente. Parecia-lhe que era impossível tornar a ver Álvaro sem que cada um dos olhares do moço queimasse as suas faces e a obrigasse a esconder o rosto de pejo.

Entretanto nem por isso seu amor era menos ardente; ao contrário agora é que a paixão, por muito tempo reprimida, se exacerbava com as lutas e contrariedades.

As poucas palavras doces que o moço lhe dirigia, a pressão das mãos, e o aperto rápido sobre o coração de Álvaro num momento de alucinação, passavam e repassavam na sua memória a todo o momento.

Seu espírito, como uma borboleta em torno da flor, esvoaçava constantemente em torno das reminiscências ainda vivas, como para libar todo o mel que encerravam aquelas sensações, as primeiras de seu infeliz amor.

Nesse mesmo dia de segunda-feira, à tarde, Álvaro encontrou-se um momento com Isabel na esplanada.