Página:O Hóspede.djvu/187

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dolorosamente e, cada vez mais atrapalhado, reagia sobre si mesmo, querendo aparentar fortalezas, disfarçar todas as emoções que lhe enchiam sofredoramente o organismo inteiro.

Então começou a despedida, dirigindo-se primeiro para o Pedroca, que lhe escondia a cara, e a quem entregou a caixinha. Como a criança se voltasse e sorrisse, meio admirada, veio-lhe um grande prazer e abriu a caixinha de couro da Rússia para colocar ele mesmo a jóia. Abaixou-se, um joelho em terra para ficar à mesma altura, e pôs-se a brincar com a criança que se fazia alegre e o abraçava, contente de ter um relógio, querendo examiná-lo imediatamente, pedindo que lhe mostrassem o bichinho que fazia tique-taque, correndo de um lado para outro a fim de ostentar a todos o presente que lhe tinha dado o seu amigo grande. Foi esse um momento de satisfação para o Marcondes. As fisionomias se tinham desenrugado ante o aspecto risonho da criança, disputando-a, achando muita graça em vê-la com a sua roupa de fustão azul-escuro por sobre o qual luzia o ouro novo da corrente. Apenas, o Pedro perguntara-lhe se ele queria pagar com aquilo a hospedagem, mas fizera-o numa forma de