Apenas o Pedroca, que não entendia nada daquilo em que se ocupavam, conservava-se calado, muito unido ao corpo do Marcondes, que o trouxera ao colo, com medo da escuridão das árvores, não achando mais graça no barulho dos calçados a remexerem a areia dos caminhos que destacavam-se como faixas brancas no fundo negro do quadro.
Foi a sala de visitas o ponto escolhido para a reunião. Além de ser ela muito clara e confortável, era aí que se achava o piano e Nenê poderia distraí-los executando diversos trechos clássicos de que gostava muito. E, como Marcondes aproveitasse o ensejo para fazer um paralelo entre a música alemã e a italiana, que lhe agradava muito mais a moça engajou uma nova discussão, apreciadora como era de Beethoven e Mozart. Cada qual forcejava em produzir argumentos em seu favor, cantarolando trechos; os dois sozinhos, junto ao piano, porque D. Augusta conservava-se do lado oposto, sem dizer uma palavra, com o seu ar severo de vestal ofendida, e o Pedro não entendia nada de música e nas suas horas de pilhérias chegava mesmo a dizer que o piano fazia um barulho infernal a incomodar-lhe os ouvidos. Mas nesse momento ele