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O INFERNO

que já entre aquelles fieis havia ascetas d'ambos os sexos vivendo reclusos. Eram os mais perfeitos, e exemplares. Taes ascetas, verdadeiros ascendentes dos monges contemplativos, trappistas, cartuchos, carmelitas, claristas, etc., esforçavam-se por imitar a vida de João Baptista no deserto e a de Elias no Carmelo.

Curavam elles pois, como já dissemos, uma perfeição diversa da de Jesus: anhelavam a perfeição negativa, qual os judeus e os orientaes a preconisavam; judaisavam sem darem d'isso tento, e os christãos seus imitadores continuavam inadvertidamente a tradição, não já de Jesus, mas de João Baptista e Elias, tradição congruentissima com o inferno. Já no tempo das perseguições era povoada a Thebaida; não tinha então a Igreja um tecto debaixo do ceo; e só depois que principiou a erguer templos é que edificou mosteiros, sua primeira obra depois que sahiu das catacumbas. É pois evidentissimo, em que peze aos protestantes, que o catholicismo não se apartou do espirito dos tempos apostolicos, nem das praticas de então, e que a vida monachal detestada por elles, é ainda hoje em dia o que outr'ora foi, a mais bella flor, e o mais mimoso fructo dos dogmas hebraicos, que elles tão piedosamente tem conservado.