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essa, — Atália Bianchi-Betoldi, que faz de vez em quando uns sonetos dignos de serem lidos.

Houve uma pausa. Eu estava atordoado.

— Hás de me perguntar por que é que estou esquecendo o Wenceslau de Queirós? Mas este, meu caro, é super-abominável. Pretensioso e orgulhoso, este detestável escriba é capaz de matar a quem disser que os seus versos são maus. E não há quem os faça pior, fazendo-os, com abundância, há mais de trinta anos... Hoje toda a gente o deixa versejar livremente, ninguém faz mais caso dele. A verdade é que S. Paulo possui condições para lá se criar um núcleo literário e não o cria. É hoje um povinho de rastacueiros...

Parou: a catilinária acabara. O padre apanhou a manga larga no seu gesto habitual e deu dois passos. Estava seraficamente calmo, e sorria.

Atrevi-me a indagar.

— Então, desde que começamos por S. Paulo, as literaturas dos Estados?...

Severiano interrompeu-me.

— Eu detesto tudo quanto é centro literário, como detesto tudo quanto é conciliábulo de literatos em via de perpetrações literárias. Como penso que o talento que é real tem fatalmente que se revelar na hora marcada, acho toleima essas concentrações perigosas de plumitivos que ensaiam vôos em grêmios. Os grêmios