Página:O Momento Literario (1908).pdf/165

Wikisource, a biblioteca livre

Machado de Assis: a gente o lê confiantemente, a sua psicologia calma calça uma forma elegante, e a sua linguagem, que é dele, podia ter por divisa o in medio consistit virtus, que, se não entusiasma, não escandaliza. É o único prosador honesto que temos e o único observador de almas que possuímos. Mas não é um profundo. Aluisio Azevedo zolaizou assaz, num estilo em que eu reconheço o relampejo de um estro real.

Depois desta tirada, vulcanicamente, o padre Severiano começa a distribuir prêmios de louvor aos seus amigos e cacetadas nas pessoas com que não simpatiza.

Assim na prosa João Luso tem fleugma e é chic, Bilac encantador, Coelho Neto vibrante e merece o nome de artista. Euclides da Cunha é vibrante. Araripe Júnior é o único crítico que se pode ler, pois tem argúcia, graça, leveza e clareza; Sílvio é redundante e labiríntico, mas em todo caso hercúleo e poderoso; José Veríssimo arqueia-se sisificamente sob as densas arroubas dos seus períodos plúmbeos, eriçados de ângulos. Na poesia Alphonsus de Guimaraens é um gênio, Bilac o primeiro, Raimundo e Alberto também primeiros, Luís Delfino é o incomparável nababo da poesia, Cruz e Sousa teve influência, Emilio de Menezes pode ser chamado o mestre boêmio do soneto, B. Lopes é adorável na sua pose, Luís Murat...