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dos moços contra o que se chamava literatura dos velhos. Entre as revistas que deram sinal dessa reação peço-vos permissão para citar A Meridional e a Revista Naturista, embora essas publicações não tivessem passado, como tantas outras, de meras tentativas, sem resultado algum prático. O movimento que aqui iniciou a Revista Naturista era uma tentativa sincera de uma beleza nova, mais luminosa e mais humana, e que não deixou de impressionar a muitas inteligências.

O naturismo, que era antes uma explosão de sensibilidade do que uma escola literária, não era uma tentativa que se explicava apenas pela diversidade de ponto de vista: era, por assim dizer, uma volta às leis legítimas que regulam a gênese espiritual, uma reconstrução em que se aproveitasse para o edifício novo exatamente o que restava de sólido entre os escombros do velho edifício. O naturismo, que nós proclamamos como a expressão estética do socialismo, isto é, o Estado organizado sobre bases naturais, vinha reconstituir toda a vida estética, colocar a arte moderna sobre novos fundamentos, mais sólidos e mais verídicos. Conduzir os espíritos à natureza fecunda e criadora, colocá-los, elevados e augustos, em presença da Terra, a fim de que dela continuasse a correr a grande vida dos espíritos, — eis a obra que nos propúnhamos realizar...