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camaradas da mesma idade. Só depois é que os outros me levaram a tomar isto mais a sério.

Em Cabo Frio, onde passei, além de uns restos da infância, todo a minha adolescência, foi que li pela primeira vez, à beira-mar, a epopéia marítima de Camões. Da direção que o autor dOs Lusíadas e outros clássicos portugueses teriam dado talvez ao meu espírito, foi este desviado mais tarde pela leitura dos autores nacionais contemporâneos e, sobretudo, de alguns poetas franceses de grande voga, — Hugo e Gautier, por exemplo. Por muito tempo oscilei entre estes dois. Se um parecia desobrigar-me de ter maior fôlego, o outro parecia desculpar-me de não ser menos imperfeito. Não me pude gabar nunca de lhes conhecer a obra inteira; mas do pouco que fiz, muito lhes devo. E não vou além, neste assunto, porque os escritores, por mais pequenos que sejam, incorrem sempre na pecha de grandes mentirosos, quando falam de si.

— Qual a que prefiro dentre as minhas obras? Haveria motivos intelectuais, senão puras razões de sentimento, para eu preferir alguma, dentre as mais modernas. Mas, dispense-me de descer a especificações. Nestas coisas, o mais seguro para a gente é se deixar levar pela cabeça dos outros.

— Se me parece que atravessamos um período estacionário? De modo algum, pois nada há,