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Rodolpho Theophilo

Poucos pratos, muito mais fructas, hortaliças, doces, do que carnes.

Approximava-se a noite e pensava eu nos dormitorios. Logo que escureceu, raiou o sol electrico, illuminando tudo.

Aquelles que quizeram matar o tempo lendo, foram ás estantes, pois as havia em todos os vagões e escolheram o livro que os devia entreter, A’s dez horas em ponto, a sineta tocou a silencio. Immediatamente levantaram-se, afastaram-se todos os passageiros das cadeiras, enfileiraram-se entre uma ordem de divans e a outra, no estreito corredor. Imitei-os. Desoccupados os assentos, ouviram-se ranger de molas, estalidos, engrenagens mordendo-se, e o interior do vagão transformou-se em dormitorio. Os divans viraram biombos; minutos depois, cada um era pequeno aposento, com cama, lavatorio e seus pertences.

Era a hora de dormir.

A’s 6 horas da manhã, a sineta deu o signal de despertar. Feita a «toilette», sai do biombo. Em instantes desappareceu o dormitorio e voltou o antigo vagão.

Até Liserna, nenhum accidente alterou-nos a placida viagem.

Chegámos á cidade ao amanhecer de um bello dia sereno e luminoso. Era uma miniatura da capital do Reino, cidade nova e cidade antiga.

Ao saltar do vagão, fui cumprimentado por um rapagão de mais de vinte annos, que me interrogou em francez. Vendo que me exprimia mal, dirigiu-me a palavra em inglez. Desejava saber quem era, o que andava fazendo, interrogatorio muito semelhante ao que se faz na capital ao estrangeiro que ali aporta.