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O reino de Kiato
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que morrem de fraqueza congenita, dias depois de nascidas. O autor, para corroborar suas asserções, publicava uma estatistica dos natimortus e dos recem-nascidos antes e depois da extinção da syphilis. O valioso documento era um attestado insophismavel contra aquelle virus.

Por elle se via que, dois annos depois de desapparecida a syphilis, a cifra dos obitos foi decrescendo annualmente e que, quarenta annos depois, foi registrado um só «nati-mortus».

Seguia-se uma serie de considerações e de conselhos de prophylaxia, não áquelles que viviam no Reino, mas aos que estivessem em via de sahir, pois onde quer que fossem haviam de encontrar-se com o flagello.

Os casos pathologicos, os mais horrorosos de origem syphilitica, eram relatados de modo a impressionar os mais indifferentes. A syphilis era, como o alcool, inexoravel; não se limitava a atacar a victima, não se satisfazia em vel-a apodrecendo carnes e ossos, em desfigural-a, tornal-a abjecta, repellente, exsudando pús por todos os poros; levava seus males á prole, a cinco gerações seguidas. E fora este monstro, cuja peçonha é tão virulenta, tão resistente, que passa do pai ao filho até o filho do trineto, que um rei energico e sabio, um predestinado, depois de uma lucta de algumas dezenas de annos, conseguira matar.

Seguia-se o artigo: «O alcool é o factor primordial do suicidio». Pagina de moral e de sciencia, descrevia scenas sentidas e vividas. O autor provava que o suicida é um alienado, que foi procreado por um alcoolico, como tambem o epileptico, o assassino nato, o ladrão, emfim todos os tarados, a escoria vil da pobre humanidade.

Depois de varias considerações, de exemplos os mais