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Rodolpho Theophilo

Paterson visitou uma das cinco escolas normaes da capital. A vista do predio impressionou-o agradavelmente. Não era uma pesada massa de alvenaria sem arte e sem hygiene que tinha deante dos olhos, mas uma construcção leve, cercada de jardins, um pavimento terreo de grandes dimensões dividido em espaçosos salões. Em cada compartimento ensinava-se uma disciplina, O programma era variado. Exigia do professor uma cultura muito superior á que precisava para ensinar, porque ali se preparavam não só as mulheres que se destinavam ao magisterio como as outras da capital. Não havia estabelecimentos particulares de instrucção. O programma constava de francez, inglez, allemão, italiano, geographia geral, historia universal, historia do reino de Kiato, elementos de physica e chimica, historia natural, pedagogia, hygiene escolar e domestica, rudimentos de toxicologia, musica, desenho, mathematica elementar, trabalhos de agulha, arte culinaria, arte de engomar. A matricula era de cem alumnos, interdicta aos homens.

Paterson começou assistindo á aula de pedagogia. A professora fazia uma preleção em linguagem singela e clara sobre «o methodo intuitivo», mostrando a sua vantagem sobre os outros. Era a percepção sem o raciocinio. O botanico, exemplificava, gastaria tempo e palavras para fazer o alumno comprehender, e mal, a estructura de um tecido vegetal. Si em vez, porém, do raciocinio preferisse a intuição, levaria o tecido ao microscopio e o alumno veria e comprehenderia sem raciocinar o que é um tecido e a forma das celulas.

A professora dissertou ainda muito tempo sobre o assumpto. Depois, occupou-se dos deveres do preceptor para