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Página:O Saci (8ª edição).pdf/29

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MONTEIRO LOBATO

— Que galanteza! exclamou Pedrinho. Que pena o povo lá de casa não estar aqui para ver esta maravilha!

— Esse sacizinho ainda fica aí durante quatro anos. A conta da nossa vida dentro dos gomos é de sete anos. Depois saimos para viver no mundo setenta e sete anos justos. Alcançando essa idade, viramos cogumelos venenosos, ou orelhas-de-pau.

Pedrinho regalou-se de contemplar o sacizete adormecido e ali ficaria horas se o saci o não puxasse pela manga.

— Chega, disse ele. Vire-se de costas outra vez, que é tempo de fechar a janelinha.

Pedrinho obedeceu, e quando de novo olhou não conseguiu perceber no gomo do taquaruçú o menor sinal da janelinha.

Justamente nesse instante um formidavel miado de gato feriu os seus ouvidos.

— E´ o jaguar! exclamou o saci. Trepemos depressa a uma arvore, porque ele vem vindo nesta direção.

Pedrinho, tomado de panico, fez gesto de subir na primeira arvore que viu á sua frente, um velho jacarandá coberto de barbas-de-pau.

— Nessa, não! berrou o saci. E´ muito grossa; o jaguar treparia atrás de nós. Temos que escolher uma de casca bem lisa e tronco esguio. Aquele guarantã ali está otimo, concluiu, apontando para uma arvore bastante alta e magrinha de tronco, que se via á esquerda.

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