VII
A sacizada
E´ aqui, dentro destes gomos, que se geram e crescem os meus irmãos de uma perna só, disse o saci. Quando chegam em idade de correr mundo, racham os gomos e pulam fora. Repare quantos gomos rachados. De cada um deles já saiu um saci.
Pedrinho viu que era exato o que ele dizia e mostrou desejos de abrir um gomo para espiar um sacizinho novo ainda preso lá dentro.
— Vou satisfazer a sua curiosidade, Pedrinho, mas não posso revelar o segredo de abrir os gomos; portanto, vire-se de costas.
O menino virou-se de costas, assim ficando até que o saci dissesse — “Pronto!” Só então desvirou-se e com grande admiração viu aberta num gomo uma perfeita janelinha.
— Posso espiar? perguntou.
— Espie, mas com um olho só, respondeu o saci. Se espiar com os dois, o sacizinho acorda e joga nos seus olhos a brasa do pitinho.
O menino assim fez. Espiou com um olho só e viu um sacizinho do tamanho de um camondongo, já de pitinho aceso na boca e carapucinha na cabeça. Estava todo encolhidinho no fundo do gomo.