de saci que mesmo solto o ajudarei em tudo. Depois o acompanharei até ao sitio para receber minha carapuça e despedir-me de Narizinho.
Pedrinho soltou o saci e durante o resto da aventura tratou-o mais como um velho camarada do que como um escravo. Assim que se viu fora da garrafa, o capeta pôs-se a dansar e a dar cabriolas, com tanto prazer que o menino ficou arrependido de por tantos dias ter conservado presa uma criaturinha tão irrequieta e amiga da liberdade.
— Vou revelar os segredos da mata virgem, disse-lhe o saci, e talvez seja você a primeira criatura humana a conhecer tais segredos. Para começar, temos de ir ao “sacizal” onde nasci, onde nasceram meus irmãos e onde todos os sacis se escondem durante o dia, enquanto o sol está de fora. O sol é o nosso maior inimigo. Seus raios espantam-nos para as tócas escuras. Somos filhos da noite e eternos namorados da lua.
E´ porisso que os poetas nos chamam de filhos das trevas. Sabe o que é trevas?
— Sei. O escuro, a escuridão.
— Pois é isso. Somos filhos das trevas, como os beija-flores, os sabiás e as abelhas são filhos do sol.
Assim falando, o saci levou o menino para uma cerrada moita de taquaruçús existente num dos pontos mais espessos da floresta.
Pedrinho assombrou-se diante das dimensões desses taquaruçús, de gomos quasi da sua altura e grossos que nem uma laranja de umbigo.