XII
O jantar
O sol já estava descambando e o menino sentiu fome. Havia esquecido de trazer matalotagem.
— Amigo saci, estou sentindo uma coisa chamada fome. Mostre-me a sua habilidade em sair-se de todos os apuros, arranjando-me um jantar.
— Nada mais facil, respondeu o pernetinha. Gosta de palmito?
— Gosto, sim. Mas como poderemos derrubar uma palmeira tão alta para colher o palmito? Sem machado é impossivel.
O saci deu uma risada.
— Não ha impossiveis para mim, quer ver? e metendo dois dedos na boca tirou um agudo assobio.
Imediatamente um enorme besourão, chamado serra-pau, surgiu do seio da floresta. O saci fez-lhe uns sinais e o besourão, voando para o alto duma palmeira de tronco fino mas muito alto, abarcou a base do palmito entre os seus ferrões dentados como um serrote e começou a girar com grande velocidade, zunindo como um aeroplano — zunnnn...
Em menos de cinco minutos o tronco da palmeira estava serrado, e o palmito, acompanhado da copa, veio com grande estardalhaço ao chão.