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O SACI
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— Bravos! exclamou o menino. Nunca imaginei que nesta mata houvesse serrador tão habil. Quero agora ver como você prepara o petisco.

— Muito facil, disse o saci. Fogo não falta. Tenho sempre fogo no meu pitinho. Panelas tambem não faltam. E´ só procurar por aí alguma casca de tatú. Agua temos dentro dos gomos da taquara; basta rachar um ou dois. E para gordura é só quebrar uma porção de coquinhos e espremer entre duas pedras o oleo das amendoas.

— E sal?

— E´ o mais dificil; mas como ha mel, você comerá palmito preparado sob forma de doce, que é ainda mais gostoso.

E assim foi feito. Em menos de vinte minutos estava diante de Pedrinho uma casca de tatú cheia de um doce de palmito muito bem preparado. O menino comeu a fartar e ainda teve uma sobremesa de frutas silvestres — bacuparis, grumixamas e amoras do mato, que o saci colheu pelas redondezas.

— Ha muito tempo que não como com tanto apetite! comentou Pedrinho depois que encheu o papo. Você é um cozinheiro ainda melhor que tia Nastacia, que é a primeira cozinheira do mundo.

E, dando tapinhas na barriga, pôs-se a palitar os dentes com um comprido espinho de brejauva.

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