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XXVIII

A Cuca


SUBITO, o saci exclamou:

— E’ lá!

— E’ lá o que? perguntou Pedrinho.

— A caverna da Cuca, naquela montanha de pedras nuas. Conheço muito bem estes sitios.

Pedrinho olhou na direção apontada e só viu grandes massas de sombras. Apesar de ser noite de lua, havia nevoas no ceu, de modo que a claridade não dava para perceber mais que o vulto da montanha que tinham pela frente. Que a região era pedregosa, isso Pedrinho logo percebeu, tais faiscas tirava do chão o seu cavalinho pangaré. Entretanto, não tropeçava, o que seria naturalissimo num animal acostumado a só trotar por bons caminhos ou campos livres de pedras.

— Estou estranhando este cavalo! não pode deixar de dizer o menino. Positivamente não é o mesmo. Nem sequer tropeça...

— E’ que lhe dei a comer sete folhas duma planta que só eu sei para que serve.

— Logo vi. Seria otimo que me ensinasse o segredo dessa planta. Com ela a gente poderia até transformar um burro morto em Bucefalo...

O saci, apesar das suas habilidades e espertezas de demoninho, ignorava a historia dos cavalos celebres, e pois ficou na mesma com a citação do tal Bucefalo.