o entretido a brincar com um carrinho de cuia, não pensaram que lhes desse atenção.
— Donde lhe veio esta desconfiança? perguntou o rábula.
— Já lhe contei que meu marido foi chamado pelo pai e esteve com ele muitas noites seguidas sem que ninguém o soubesse, senão Benedito. Uma vez, quando voltava, achando-me a trabalhar, ralhou comigo: “porque não era preciso matar-me agora que a fortuna ia mudar e nós íamos ser ricos outra vez”. Está-se vendo que o comendador tinha-lhe prometido deixar tudo.
— Não digo o contrário.
— Na véspera meu marido levou todo o dia a fazer contas e até por sinal deixou em cima da mesa um papel que eu conservei. Olhe!...
D. Francisca tirou do seio uma folha de papel já amarelado, sobretudo nas dobras; e o deu ao procurador para examiná-la.
— No dia seguinte amanheceu meu marido morto, de uma maneira que não se explica; e toda a riqueza do comendador passou para os estranhos.
— Para os credores!
A viúva sorriu amargamente: