Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/82

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senhor moço, como lhe pedia o coração.

A casa onde vivera feliz, tornou-se para ele insuportável; começou a ausentar-se da senzala para onde o tinham mandado, e a faltar ao trabalho. Sucedendo ficar sem dono a cabana do rochedo, pediu ao senhor que o deixasse morar ali, no que não houve dificuldade.

Com a palhoça, Benedito herdou a reputação de feiticeiro do pai Inácio; sobretudo depois que novos desastres se deram no boqueirão. Embora não tivesse o novo habitante a fealdade característica da profissão, a gente do lugar estava tão acostumada a contar com um mandingueiro para explicar as desgraças e reveses, que não podia dispensar esse personagem importante de suas histórias da carocha.

E pois, como Benedito era um bonito negro, de elevada estatura e fisionomia agradável, as beatas inventaram outro Benedito à sua feição. A dar-se crédito à palrice das tais velhas, aquele preto bem apessoado, em sendo meia-noite virava anão com uma cabeça enorme, os pés zambros, uma corcunda nas costas, vesgo de um olho e torto do pescoço.