de sobrenatural. A menina fora vítima da atração que exerce o abismo sobre o espírito humano.
Aquele seio profundo, que parecia o remanso do lago, era ao contrário o vórtice de um profundo remoinho das águas, que se engolfando por algum abismo cavado na rocha, giravam sobre si mesmas com uma velocidade espantosa.
A abóbada da caverna onde as águas se precipitavam, era naturalmente o cimo do penhasco onde estava a cabana, porque só nesse ponto se escutava bem o surdo fragor da catadupa. À margem do lago muitas vezes nada se ouvia, e outras distinguia-se apenas um ligeiro sussurro, como o da brisa ramalhando entre as folhas dos pinheiros.
Alice, debruçada sobre o parapeito de pedra, não percebera que fronteira a ela havia na rocha uma face côncava coberta de cristalizações que espelhavam o seu busto gracioso, do qual só a parte superior se refletia diretamente nas águas.
Esse busto refrangido pela rocha, e reproduzido pela tona do lago, apresentou aos olhos de Alice a sombra ainda vaga da mãe-d’água.