Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/113

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— Esta mesa também você a não conhecia? Papai mandou-a fazer há dois anos, por minha causa...

— Que é também, se não me engano, a causa de tudo neste pequeno mundo, disse Mário sorrindo.

— Nem tanto assim! respondeu a menina com faceirice. Mas papai, esse, adivinha meus desejos!... Como eu quase sempre, todas as tardes, vinha me sentar aqui na raiz desta jabuticabeira, lembrou-se ele de fazer-me uma surpresa, e um dia achei tudo pronto, a mesa e o banco!

— “Por artes de meu condão”, como dizia a fada nas histórias da tia Chica?

— Tal e qual. Fiquei tão contente! continuou a moça banhando-se em risos de prazer; ninguém imagina como eu gosto deste lugar; e o senhor não adivinha por quê?... Esquecido!...

Mário volveu em torno um olhar profundo, interrogando a fisionomia do sítio, desejoso de avivar as reminiscências apagadas.

— Não me lembro!...

— Pois eu tinha chamado este lugar a – árvore da lembrança, agora há de chamar-se – do esquecimento...