Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/144

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repentinamente da solidão de uma fazenda ao bulício de uma grande cidade, como o Rio de Janeiro. O aspecto dessa aglomeração de casas e povo; o tumulto incessante das ruas; a exuberância febril da vida a pulular em toda a parte, pelos mil poros da grande praça mercantil, aturdiram o menino, por modo que durante muitos meses seu espírito sentiu um como azoamento.

Mal se ia habituando ao constante burburinho que o cercava e fervia dentro no próprio colégio frequentado por cerca de trezentos alunos, quando ocorreu o falecimento de D. Francisca, vítima da moléstia de peito de que padecia desde anos.

Apesar de seu gênio seco e ríspido, Mário amava extremosamente sua mãe. Sem estrépito, nem manifestações ruidosas, curtiu a dor da perda que sofrera. Talvez não o vissem lamentar-se ou soluçar no dia da notícia; porém muito tempo depois, ainda o menino de vez em quando sentia os olhos molharem-se de repente e um suspiro cortar-lhe a voz.

A morte de D. Francisca determinou uma resolução, que veio a influir na existência de Mário.