Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/169

Wikisource, a biblioteca livre

pela desgraça. Ver murchar a esperança que nosso coração afagou desde a infância, é triste sem dúvida, mas não se compara com os transes da subversão que dilacera uma alma, como o terremoto revolve o solo.

Quando Mário se lembrava dos muitos benefícios que devia ao barão, tinha assomos de desespero; parecia-lhe que aceitando aquela generosidade, ele se tornara cúmplice do crime de que fora vítima seu pai.

Que não daria então, para repelir de si quanto recebera daquele homem? Ficaria reduzido a um labrego sem educação; e vingar-se-ia como costuma gente dessa condição, com um tiro ou uma facada.

Mas não era essa a única, nem a maior humilhação. As palavras que na noite de Ano-Bom o barão dirigira a Alice, constantemente soavam a seus ouvidos. Não fora a ele Mário, que o fazendeiro se tinha esmerado em educar, e sim ao noivo de sua filha. Esse casamento ia ser uma expiação; e podia ele sujeitar-se a servir de pretexto ao delinquente para aplacar-lhe o remorso de um crime?

Se porém não fosse verdadeira a terrível suspeita