Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/250

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que a voz se lhe cortava; o barão o escutava imóvel de surpresa.

— Tem razão, Alice. Há aqui um mistério... um segredo cruel... que eu lhe queria ocultar... que devia morrer entre mim e seu pai... Mas já que exige... Ele lhe pertence... Sofra eu embora com esta confissão.

— O que fez o senhor, meu Deus? exclamou a menina, em cujo espírito passou uma ideia medonha.

Mário concentrou-se um instante:

— Depois que nos separamos, e que eu lhe disse um adeus eterno, foi quando compreendi todo o meu infortúnio! Orgulho de pobre me fizera rejeitar a felicidade, que tinha a desgraça de ser rica!... E achei-me em um deserto. A vida era para mim um destroço; o futuro um precipício! Que me restava? Lançar-me nele. Foi o que fiz.

— Ah!

— Passava seu pai a cavalo... Atirou-se à água, lutou... e salvou-me!

O barão fez um gesto de repulsa que o olhar de Mário atalhou. Não o percebera Alice porque de novo se lançara nos braços do pai, cheia da efusão