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Página:O abolicionismo (1883).djvu/253

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terra cuja admirável natureza devera ter exercido a maior atração possível sobre o seu espírito criador, senão estas: “No dia 19 de agosto deixamos por fim as praias do Brasil. Graças a Deus, nunca mais hei de visitar um país de escravos.” O espetáculo da escravidão na América, em pleno reinado da natureza, no meio das formas as mais belas, variadas e pujantes que a vida assume em nosso planeta, não podia, com efeito, inspirar outros sentimentos a sábios senão os que nos expressaram Darwin, Agassiz e, antes deles, Humboldt e José Bonifácio. Não é, porém, a mortificação, desinteressada e insuspeita, dos que amam e admiram a nossa natureza, que nos causa o maior dano: é, sim, a reputação que temos em toda a América do Sul de país de escravos, isto é, de sermos uma nação endurecida, áspera, insensível ao lado humano das coisas; é, mais ainda, essa reputação – injusta, porque o povo brasileiro não pratica a escravidão e é vítima dela – transmitida ao mundo inteiro e infiltrada no espírito da humanidade civilizada. Brasil e escravidão tornaram-se assim sinônimos: daí a ironia com que foi geralmente acolhida a legenda de que íamos fundar a liberdade no Paraguai; daí o desvio das correntes de imigração para o rio da Prata, que, se devesse ter uma política maquiavélica, invejosa e egoísta, devia desejar ao Brasil os trinta anos mais de escravidão que os advogados desse interesse reclamam. [1]

  1. Eis um trecho da notícia em que um informante descreve no Jornal do Commercio a recepção feita ao Dr. Avellaneda, ex-presidente da República Argentina, por um dos nossos principais