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Página:O abolicionismo (1883).djvu/95

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podia escapar, nem escapou, aos amigos da lei, e foi-lhes lançada em rosto pelos contrarios. O interesse d’estes pelos velhos escravos vergados ao peso dos annos, não podia ser expresso de modo mais pathetico do que, por exemplo, pela lavoira de Pirahy nas palavras que vou griphar: — “Fundada na mais manifesta injustiça relativa entre os escravos, diziam os agricultores d'aquelle municipio, (a proposta) concede o favor da liberdade aos que, pelo cego acaso, nascerem depois de tal dia, conservando entretanto na escravidão os individuos que por longos, proveitosos e relevantes serviços mais jus têem á liberdade.”!

Esse era o grande, o formidavel grito dos inimigos da proposta: — “Libertaes, diziam elles, as gerações futuras, e nada fazeis pelos que estão, ha trinta, quarenta, cincoenta annos, e mais, mergulhados na degradação do captiveiro.” A isso respondiam os partidarios da reforma: — “Não nos esquecemos das gerações actuaes; para ellas ha a liberdade gradual,” ou na phrase do senador Nabuco: — “Confiem os escravos na emancipação gradual.” O compromisso do paiz para com estes não podia ser mais solemne. Dizia-se-lhes: — “Por ora decretamos a liberdade dos vossos filhos ainda não nascidos, mas a vossa não ha de tardar: a lei estabeleceu meios, creou um fundo de emancipação que vos libertará a todos, providenciou para encontrardes nas sociedades de emancipação o capital preciso para a vossa alforria.”

Por outro lado a lei foi antes denunciada como devendo ser o fim da escravidão. Já vimos o que se