algumas palavras ao ouvido de Fr. Hilarião, e prosseguiu o seu interrogatório:
— Para onde, pois, te diriges? - disse ele ao desconhecido, hesitando, e como quem já a custo continha na alma bem diversos pensamentos.
— Para onde Egas Moniz - respondeu com veemência o homem do zorame - cria que eu vos encontrasse, meu senhor cavaleiro: para o campo de D. Afonso. Peão como sou, irei pelejar por ele, que é meu senhor natural. Que os ricos-homens folguem entretanto nos paços onde estranhos governam, onde D. Teresa se esquece de que
O infante é filho de D. Henrique.
Então Gonçalo Mendes, fazendo recuar o capuz que cobria a cabeça do suposto mensageiro, olhou para ele alguns instantes. À luz nocturna que o alumiava reconheceu-o então. As suas vivas suspeitas se haviam realizado.
— Egas! Egas! - exclamou, apertando-o ao peito - pensavas que o som da tua voz podia nunca esquecer-me? Como ousaste assim entrar em Guimarães; tu, sobrinho do senhor de Cresconde; tu, um dos da linhagem de Riba de Douro?... Para quê esta carta cruel que veio arrancar lágrimas ao bom Fr.