cruz dar-te esta carta onde quer que te encontrasse. Faze-lhe mercê por minha alma."
Durante a leitura do pergaminho, humedecido pelas lágrimas do velho, o desconhecido havia procurado conter as paixões que lhe agitavam o espírito. Gonçalo Mendes ficara em silêncio, apertando com a mão a fronte. O homem do zorame dirigiu-se então ao abade:
— Quanto a vós, venerável monge, o nobre cavalheiro me ordenou vos buscasse em vosso mosteiro; que vos pedisse um trintário cerrado de vossos frades, e que vos lembrásseis dele em vossas orações. Agora que mandais de mim?
— Vais partir? - perguntou o Lidador, com um tom em que parecia revelar-se a desconfiança.
— Já - tornou o romeiro. - É noite; e não sei ainda se é longe se perto o termo da minha jornada.
E de feito havia anoitecido: os paços começavam a iluminar-se,
E os candelabros e tochas vertiam através das frestas e balcões dos aposentos reais uma luz brilhante, cujos raios batiam de chapa no vulto rebuçado do mensageiro. O cavaleiro e o monge olhavam fitos para ele. Depois Gonçalo Mendes disse