Saltar para o conteúdo

Página:O bobo (1910).djvu/153

Wikisource, a biblioteca livre

nos enredos cortesãos um único préstamo, pelo cavaleiro estranho que pode e vale tudo com o senhor destes paços prostituídos... vinha dizer-te que cumpri a promessa de estar outra vez a teus pés dentro de três anos. Estive a teus pés!... Agora nunca mais perturbarei tua dita. Escusas de perjurar ao céu para negar o perjúrio..."

Dulce deixou cair o punhal, e estendendo para o cavaleiro as mãos confrangidas e trémulas de aflição, interrompeu:

— A minha dita cifrava-se em tornar a ver-te; em ouvir ainda de tua boca palavras de ternura: estas converteram-se em injúrias e escárnio. Caluniaram-me, e tu acreditaste a calúnia... Não devias fazê-lo. Perdoo-te, mas escuta-me!

— Escuta-me tu ainda mais algumas palavras - replicou o mancebo -: são as derradeiras que me ouvirás! Tu foste a única imagem que eu via enquanto combati, e padeci, e sofri além-mar: para ti sonhava eu sonhos de glória; por ti fiz ressoar as minhas endechas melancólicas debaixo dos cedros do Líbano, e com lágrimas de saudade refrigerei estes lábios queimados pelo sol ardente do deserto. O teu nome invoquei-o em mais de cem recontros, e ao invocá-lo aumentavam-se-me na alma o