Página:O bobo (1910).djvu/176

Wikisource, a biblioteca livre

— Nenhum - respondeu o alferes-mor. - Os roldas e sobrerroldas giram nas quadrelas das barbacãs: vinte besteiros de pé, lançados entre estas e as barreiras e junto das pontes levadiças da cárcova, vigiam exteriormente: um troço de corredores almogaures corre no campo em volta do castelo e do burgo. Ardiloso e valente precisa de ser o que tentar evadir-se.

— Excelente! - replicou o conde sorrindo com a ideia de reter em lugar seguro uma parte dos seus inimigos. - Agora - prosseguiu ele - dize-me ainda: o nobre alferes-mor, que enquanto nós folgávamos nas delícias de um banquete velava por nós lá fora como leal cavaleiro, não viu luzir no céu, por entre as trevas da noite, a sua estrela feliz?

— A minha estrela é maldita - respondeu o cavaleiro com aspecto carregado. - Não há para mim luzir no céu a esperança! Felicidade? Não é no mundo que eu a hei-de encontrar!

— Quem sabe? - tornou o conde, em cujas faces passara fugitivo sorriso, e, voltando-se para Tructesindo, que se conservava a alguma distância com os olhos no chão, continuou: - Vem cá, meu gentil pajem, hoje será uma noite aziaga para traidores, porque será a da