habilidades, com o intento de observar até o fim o que se passava. Os sergentes e pajens apressavam-se a lançar mão dos restos do banquete, e por entre eles Dom Bibas pôde sumir-se debaixo dos ricos panos, que, segundo o costume do tempo, cobriam, até rojar pelo chão, aquela vasta mesa. Ali, ora escutando, ora coando pela memória um a um os açoutes que recebera e as chufas e apupos dos cavalariços e servos, ele despertava na própria fantasia um tropel de vinganças imaginárias, a qual delas mais absurda e inexequível. O louco, por arte, desde que deixara de rir, tocava quase as raias da verdadeira loucura.
Daquele esconderijo o bobo ouvira perfeitamente o que se passara entre o conde de Trava, o alferes-mor e o filho de Veremudo Peres. As revelações deste, as ameaças do conde, e a comissão misteriosa de que Garcia Bermudes encarregara o pajem, nada escapou a Dom Bibas. Para os seus intentos esta conversação fora um raio de luz. Fernando Peres receava-se de uma traição de senhores e cavaleiros ilustres, e era ele vilão humilde, ele jogral, ele verme desprezível que o mui nobre conde crera esmagar, num momento de cólera, quem podia entregar Guimarães