Página:O bobo (1910).djvu/224

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D. Afonso. O arraial alvejava sobre os visos de uma serra com os arrebóis da manhã e as armas polidas cintilaram em breve aos primeiros raios do sol oriental. O cavaleiro, tendo-se dado a conhecer, atravessou por entre as tendas e chegou ao pavilhão do moço príncipe, que já se achava em conselho com o arcebispo de Braga e com outros prelados e barões.

Aí deu conta do que pudera alcançar das disposições tomadas pelo conde de Trava para a defesa, do grande número de lanças estrangeiras juntas em Guimarães, e das fortificações, acrescenta das às já tão formidáveis do castelo, e alevantadas de novo em roda do burgo.

— Mas essas torres e engenhos - dizia ele - não creio tenhamos de as combater, porque se diz que Fernando Peres pretende vir connosco a lide em campo; e a avultada soma de cavaleiros que se acham em Guimarães e o pequeno número de peões e besteiros são disso evidente sinal.

— E Gonçalo Mendes da Maia? - interrompeu o velho aio Egas Moniz. - Porque se conserva um dos mais esforçados e poderosos filhos-d'algo de Portugal entre os inimigos do infante? Viste-o? Alcançaste acaso saber quais eram seus intentos?