nostratibus et caetera.
— Quem sois vós? Que me quereis? - perguntou o preso, que se afastara sumindo-se na escuridão do cárcere, onde não batia a luz dos fachos.
— O nobre conde de Trava mandou chamar ao Mosteiro de S. Salvador um sacerdote que absolvesse um homem que devia morrer breve. Recebi eu a mensagem e vim exercitar essa obra de caridade. Creio que sois vós que figurareis no auto. Ouvirei vossa confissão quando vos aprouver, meu irmão!
Isto disse o monge com tom solene e em voz alta, de modo que fosse ouvido dos dois homens de armas que se iam retirando. Aproximou-se ao mesmo tempo do cavaleiro e segurando-lhe o braço o conduziu para ao pé de uma das troneiras, por onde entrava o clarão baço das almenaras. A luz dos fachos tinha desapare cido.
O frade recuou o capuz e, mudando repentinamente o metal de voz grossa em aflautada, prosseguiu:
— Não me conheces, Egas? Não te lembras de Dom Bibas, do jogral galiardo, com quem brincavas na tua infância? Ingrato, que te esqueceste de mim.