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Página:O bobo (1910).djvu/314

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guiar aquele espírito tão belo e meigo a refrigerar-se de tantos martírios no oceano das consolações eternas.

— Oh, tu amas-me ainda! - bradou o cavaleiro com alegria frenética e selvagem. - Bem! Levantar-se-á uma barreira de bronze entre mim e ti, que aniquile o derradeiro clarão da esperança, se me conheces tão mal, que ainda na alma te possa restar um vestígio de esperança. Morrer! Tens razão! Aminha amante poluída não pode ficar na Terra. O sepulcro é o crisol que te há-de tornar pura. Morre, que eu te seguirei em breve.

Estas últimas palavras restrugiram como um dobre nos ouvidos de Dulce. O cavaleiro afastou-se rapidamente, e chegando ao cruzeiro gritou:

— Eis-me aqui, meus irmãos!

O altar-mor iluminou-se de súbito: os monges saíram dos seus estalos onde pareciam adormecidos. Aquelas duas fitas negras ondearam movendo-se para os cancelos abertos de par em par. O cavaleiro entrou e, por meio das duas fileiras de frades, aproximou-se do altar, junto do qual o velho abade rezava as orações marcadas no ritual beneditino para uma profissão monástica.

Acabadas estas, o órgão rompeu umas toadas