mostrava ao cavaleiro persuadira o conde e a infanta de que os seus intentos e desejos seriam brevemente cumpridos. A tristeza de Garcia, a que não achava outra razão possível depois de um sarau a que tinham assistido tantos cavaleiros mancebos e gentis-homens, lhe fez crer que entre os dois amantes se alevantara alguma destas procelas com que o suão mirrador do ciúme costuma entenebrecer às vezes o céu risonho desta quadra da vida tão bela e tão passageira. A resposta de Garcia o confirmou nesta ideia.
— Dulce traiu-te, pois? - prosseguiu o conde sem tirar dele os olhos.
— Não - replicou o cavaleiro -, porque nunca fui amado por ela!
Estas palavras eram uma fria e morta expressão, como para representar paixões violentas o é sempre a linguagem dos homens; e todavia no acento com que haviam sido proferidas revelava-se bem o martírio atroz do orgulho ofendido e do amor desprezado que ralava o coração de Garcia.
— Nunca!? - interrompeu Fernando Peres. - Cria eu contrário: tinha talvez razão para o crer. Se, porém, não é Dulce a dama dos teus afectos, ousarei eu perguntar a Garcia