Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/109

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olhos cobriram de repente com uma expressão indescriptivel a pobre victima, não lhe consentiu arredar o pé de junto de si.

— Não irás — disse rudemente, assentando a mão sobre o braço da moça com tanta força e violencia, que a ella se afigurou que elle lhe tinha dado um golpe com o couce da arma.

Florinda passava por ser a mulher mais forte de toda aquella ribeira.

Ella derrubava grossas arvores a machado, abria roçados por empreitada, cortava na mata-virgem lenha que vendia na povoação, e até tarrafeava nas lagôas como um habil pescador. Não se distinguia só nos serviços do campo, mas tambem em fazer excellentes tapiocas e optimo arroz doce que eram as delicias dos matutos e sertanejos nas feiras.

Era curibóca, reforçada, não feia e de boa estatura. Acreditava na existencia do diabo, no inferno e nas penas eternas como ainda hoje acredita a gente do campo e uma grande parte dos habitantes das cidades; mas em compensação tinha uma fé viva e fervorosa em Deus, e era de costumes irreprehensiveis, fé e costumes que desgraçadamente faltam a muitos dos que têm hoje aquella primeira crença.

Tendo ficado viuva, sem filhos, na flôr dos annos, não se quiz casar segunda vez, e nunca