Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/138

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dirigira correndo em busca da visão que ahi deixára, achou em seu lugar a solidão infinita, a solidão só.

Era em maio. Frouxo estava o luar. Elevava-se das margens, com os ruidos do deserto, fresca e grata emanação, que teve para o seu peito abrazado o effeito do balsamo fragrante.

Pareceu-lhe que debaixo da folhagem do joazeiro onde, segundo o seu pedido, esperava encontrar a moça, um corpo indeciso e vago se agitava brandamente.

— Luizinha? Luizinha? chamou elle.

Ilusão! Estava alli o vacuo mais cruel do que um raio que o houvesse fulminado. A sombra da arvore movida pela brisa nocturna representava a fórma graciosa que o bandido acreditou ser Luiza.

— Foi-se embora! disse o Cabelleira esmagado.

Então com olhar de gavião abrangeu a vasta planicie que se estendia diante de si. Ninguem! Nem siquer um vulto que por um instante ao menos lhe désse o prazer de uma nova esperança, fallaz embora como a que se despedaçára a seus pés naquelle momento. Só o deserto lhe appareceu, menos vago, mais real com sua taciturna immensidade, só o deserto lhe respondeu com a mudez do