Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/139

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descampado, das selvas profundas, e das aguas mortas.

Assim desmascarada em plena natureza, a realidade o fez voltar a si. Sentiu as dores dos golpes recebidos, pouco havia, dentro na mata. Lembrou-se de banhar as feridas como costumava depois de identicos desastres. Mas a agua fresca que tantas vezes lhe havia servido de balsamo refrigerante, produziu-lhe agora differente effeito. A vista do bandido foi pouco a pouco escurecendo, a cabeça pesou-lhe mais do que o corpo, e elle cahiu sem sentidos á beira do poço.

Deste modo passou horas. Quando tornou em si de seu deliquio, a aurora vinha rompendo as nuvens do horizonte, com sua luz extensa e vasta que se confunde no infinito. A viração matutina transmittiu-lhe aos ouvidos uns sons cadenciados que vinham de longe. Era o echo das lôas cantadas pelas meninas e raparigas da povoação que vinham encher os potes nos póços como de costume.

Levantou-se ainda aturdido. Seus olhares foram logo cahir sobre o lugar onde na tarde anterior elle havia deitado Florinda em terra com o couce do bacamarte. Não se achava, porém, alli o cadaver da curibóca. O bandido deu então o andar para a estancia, com