Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/175

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auxilio hão de cahir nas mãos da justiça todos os que me cercam. A tropa ahi vem.

— A tropa! gritaram os malfeitores sobresaltados, olhando uns para os outros, e todos para a solidão que, ao declinar do incendio, retomava seu aspecto equivoco e medonho.

Tendo assim fallado, Cabelleira deu o andar na direcção da estrada. Seu espirito estava abatido, seu coração despedaçado pelo golpe cruel que lhe havia vibrado a desgraça.

Então Luiza, vendo assim perdido o ultimo raio de esperança que ainda a guiava no meio das trevas do seu infortunio, exclamou:

— Meu Deus, meu Deus, que será de mim?

Joaquim entretanto tinha-se atravessado diante do Cabelleira. Todo assassino é cobarde.

— Porque nos queres deixar? perguntou elle ao filho. No momento em que mais precisamos de ti, é que tu, nos desamparas? Não sejas mão, Zé Gomes. Eu te perdôo a desobediencia, e te restituo a mulher. Fujamos todos.

Cabelleira atirou-se a Luiza, e tomou-a nos braços com phrenesi de hallucinado.

Volvendo um instante depois os olhos ao redor, não viu um só siquer dos companheiros. Penetrados de panico terror, todos tinham corrido, sem excepção de Joaquim, a occultar-se na mata.