Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/183

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— Mas, vossê fez bem em lembrar o juramento que ha pouco fiz, proseguiu o Cabelleira. Eu não podia ver meus companheiros em perigo sem correr para junto delles a defendel-os. Si não fosse vossê, Luizinha, eu já não estava aqui. Mas agora me lembro: saiamos sem demora, que talvez seja ainda tempo de os salvar por outro meio.

Em menos de um instante acharam-se montados no cavallo que o bandido pôz a galope em direitura ao rio.

— Para onde vamos nós? perguntou Luiza, agarrando-se, sobresaltada, ao destimido matador. Aonde me leva vossê, José?

— Não falle, Luizinha, não falle, que pelas suas palavras podem vir sobre nós.

Nesse momento a detonação de alguns tiros e as vozes de um clarim, pregoeiro de não sei que operação militar, indicaram que a força tinha dado com os bandidos, e que qualquer aviso para que fugissem seria inutil.

— É tarde, disse o Cabelleira. Já não é possivel a salvação. Mas hão de ter-me ao pé de si na sua derradeira, exclamou, saltando do cavallo abaixo e dando mostras de querer correr ao lugar do perigo.

— Cabelleira! exclamou Luiza penetrada de terror. Vossê terá animo de desamparar-me neste deserto? Não, não ha de fazer