Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/227

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Bem que o Cabelleira, pelo longo habito de jornadear por dentro dos matos, e pelo cuidado, que tinha, de escusar importunos encontros, só á sombra das arvores fazia a travessa do deserto, comtudo entraram elle e Luiza a experimentar o cansaço que o excessivo calor gera maxime durante uma viagem de muitas horas.

Luiza mal se podia ter sobre o cavallo, que nem ao menos offerecia o commodo de uma regular montaria. A marcha do pobre animal tanto mais penosa se tornava para os fugitivos quanto as forças lhe iam faltando em consequencia do longo jejum, e da puxada viagem.

Desde muito tempo affeito a viver no deserto, tinha o Cabelleira adquirido uma virtude – sobria, obra de longas privações, e fonte de admiravel heroismo; não assim Luiza, pobre menina, criada com grande affecto, e maternal solicitude.

Não tivera ella uma existencia de gozos e grandezas, mas nunca lhe faltaram os commodos que assegura a vida regrada da familia, que, embora pobre, encontra no trabalho e na economia recursos folgados para todas as necessidades e até para alguns confortos.

Á sombra de um jatobá o Cabelleira parou,