Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/251

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para atravessar sobre os joelhos. Um galho da arvore que com sua folhagem havia abrigado a moça durante a noite, afastou-lhe o lencinho branco que lhe envolvia o pescoço, e indiscretamente descobriu aos olhos do consternado amante seus seios virgens.

Ao vel-os, soltou este nova exclamação de dôr. A chamma que Luiza, para salvar Florinda do incendio, transpuzera a noite anterior, havia deixado uma só chaga no lugar onde a natureza tinha-a dotado com um cofre de graças e perfeições peregrinas.

— Queimada! Oh! Luizinha, que soffrimento não foi o teu! Que dores não supportaste em silencio, desgraçada criança! E como fico eu sem ti, meu amor? Ai de mim, Luizinha! Ai de mim!

O animo varonil, que sempre se mostrára inteiro e immoto, agora agitado por commoções tão violentas, dobrou-se emfim e deu larga prova da fragilidade humana. Dos olhos do bandido irrompeu uma torrente de lagrimas. Soluços, como de animal bravio, escaparam de seu peito e echoaram pela immensidade ainda em grande parte adormecida. Havia quinze annos que esses olhos não choravam diante dos mais tristes e lastimosos espectaculos.

— Que noivado o meu! É o noivado do assassino! Oh! meu Deus!